terça-feira, 2 de junho de 2009

beleza "au naturel"


A revista ELLE francesa apostou este mês numa capa que promete dar muito que falar.
O fotógrafo Peter Lindbergh captou imagens de mulheres famosas, apresentando-as sem maquilhagem e sem retoques de Photoshop. Este é sem dúvida um acontecimento singular no mundo editorial.
Nos dias que correm usa-se e abusa-se do retoque digital, ao ponto que as pessoas deixaram de parecer pessoas, surgem-nos como seres imaculados, irreais, uma beleza inatingível. Quantos de nós não vivem obcecados com estas imagens? Homens e mulheres em busca do rosto e corpo perfeito, tentando equiparar-se aos modelos e actores das capas das revistas. Esta procura pode, por vezes, revelar-se frustrante e dar origem a problemas de auto-estima por não se conseguir atingir o "estado ideal".
As revistas vendem-nos imagens de sonho e nós deixamo-nos manipular por isso. Falo por experiência própria. Durante muito tempo comprei assiduamente a L'uomo Vogue e quando dei por mim, tinha voltado a fumar. Penso que isso aconteceu, em parte, porque esta publicação vender imagens em que fumar é tido como algo muito cool, vamos todos ter o "look rocker rebelde" de cigarro no canto da boca. Não culpo a revista pela minha falta de controle em relação ao tabaco, mas tenho consciência de que teve influência. (nota: desde Janeiro deste ano que não fumo)
Comprar imagens bonitas é, para mim, uma necessidade. Já por várias vezes admiti que sou "viciado" em revistas de moda. Folhear uma Vogue é um dos prazeres aos quais não renuncio, mas tenho consciência de que o que vejo não é real, faz parte da "fábrica dos sonhos". Sonhar é algo de muito bom, essencial até, mas há que ter os pés acentes no chão.
Fico satisfeito com a atitude de "rebeldia" da ELLE face ás demais publicações, fazendo a apologia a uma beleza natural, sem "aditivos", mas não creio que seja um modelo que tenha muitos seguidores. Duvido que comecem a surgir outras capas semelhantes entre as revistas de Moda.
Penso que com isto não devemos ser radicais, há que encontrar um meio termo, como em tudo na vida. Não queremos ver beleza artificial, mas também não queremos um natural ao ponto de termos uma capa com uma pessoa com olheiras e uma ou outra borbulha.

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